A Universidade Lúrio (UniLúrio) acolheu, nesta terça-feira, 7 de Maio, no Campus Universitário de Marrere, uma conversa, em forma de Mesa Redonda, sobre “Conexões culturais entre a comunidade Boca do Mato (Rio de Janeiro) e a Cidade de Macuti (Ilha de Moçambique)”, inserido no Projecto “Constelações Transatlânticas”.

O projecto, resultante da parceria entre a UniLúrio e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), levou à mesa do debate tópicos ligados ao desenvolvimento socioeconómico das duas realidades, procurando perspectivar caminhos para um desenvolvimento mais harmonioso e acelerado.

Falando na ocasião, o Director da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF), Arq. Isequiel Alcolete, justificou o evento como sendo forma não só de internacionalização da UniLúrio, como também um momento ímpar para discutir ideias e caminhos para um ensino cada vez mais qualitativo.

Alcolete disse que o projecto está alinhado à missão da UniLúrio, uma vez que vai permitir o alcance da excelência no ensino e, em particular, projectar a FAPF, numa altura em que esta Faculdade se prepara para celebrar os dez anos de existência, em 2020.

“Precisamos discutir assuntos publicamente, trazer temas multidisciplinares, para encontrar melhores soluções aos diversos desafios e/ou metas” – Rematou.

      

Convidado para tecer alguns comentários face ao encontro Moçambique-Brasil, o Magnifico Reitor, Prof. Doutor Francisco Noa, começou por louvar a iniciativa da FAPF, pois, irá permitir uma relação da universidade com mais áreas do conhecimento científico.

Francisco Noa aproveitou o momento para falar sobre a importância das humanidades, pois é uma área do saber que liga comunidades com o seu passado, presente e o futuro. E mais, o Professor descreve a importância do projecto porque “valoriza a memória e reconstrói, narrando, a história dos dois povos”.

“O projecto é um exercício para nos reencontrarmos com a nossa história” – explica.

      

Indo mais a fundo, Noa explicou que “formamos uma parceria com a PUC-Rio. Dela surgiu este projecto que liga uma comunidade do Rio de Janeiro e as nossas comunidades da Ilha de Moçambique (Macuti) e Angoche, cuja ideia é fazer o resgate de memórias, no processo da escravatura, que levou muitos africanos para o Brasil, onde formaram comunidades, miscigenaram-se, uma vez que a colonização não só acelerou a modernização, mas também, ligou povos”.

Por outro lado, a Coordenadora do Grupo de Estudos de História de África (GEHA), na PUC-RIO, Regiane Mattos, mostrando-se feliz com a cooperação com a UniLúrio, disse que “esta é uma oportunidade para melhor desenvolver o projecto” e discutir sobre as ligações históricas entre Brasil e Moçambique, marcadas pelos processos de colonização e escravização.

Regiane Mattos esclarece que falar do Projecto “Constelações Transatlânticas” significa falar de uma linha de saber que poderá permitir um reencontro com as origens, assim como o estudo da nossa história.

      

“A história da África influenciou as culturas brasileiras, com mais enfoque as comunidades afro-brasileiras” – explica, como forma de justificar as ligações históricas entre as duas realidades.

No fim do evento, olhares fundiram-se na exposição do Arquitecto Miguel Ferreira, que apresentou “Na sombra do Macuti”, uma exposição que nos leva, um pouco, para lá da história da Ilha de Moçambique, a história das gentes que se definem sobre os trajectos da vida.

Descrevendo a sua exposição, Miguel Ferreira disse que o objectivo da iniciativa é exibir as beldades da Cidade de Macuti, que é a cidade mais viva da Ilha de Moçambique.

Justificando o preto e branco das suas telas, o Fotógrafo disse que as mais de 30 pranchas em preto e branco são para “fortificar a ideia da contestação e sentimentalizar as dinâmicas da mesma cidade … o preto-branco chama atenção e é atraente”.