O projecto de Restauro do Centro Histórico de Birzeit, no território palestiniano da Cisjordânia é um dos distinguidos pelo Prémio Aga Khan para a Arquitectura 2013, que será entregue na próxima sexta-feira, em Lisboa, segundo notícia publicada no dia 9 de Setembro, no site do Jornal Expresso.

A ministra palestiniana do Turismo, Rula Ma’ayah é quem receberá o prémio relativo ao projecto, numa cerimónia no Castelo de São Jorge, que contará com a presença de Aga Khan, líder espiritual dos ismaelitas (uma vertente do xiismo) e do Presidente de Portugal, Cavaco Silva.

Instituído em 1977, o Prémio Aga Khan para a Arquitectura, no valor de um milhão de dólares, promove conceitos de construção que correspondam às necessidades e aspirações de comunidades com uma presença muçulmana significativa. E reconhece exemplos de excelência arquitectónica no campo do design contemporâneo, habitação social, preservação histórica e melhoria do meio ambiente.

Da lista de 20 finalistas, constaram projectos como o Liceu Francês Charles de Gaulle, em Damasco (Síria), a Escola Primária de Girubuntu, em Kigali (Ruanda) e o Restauro Pós-Tsunami das Casas de Kirinda, de Tissamaharama (Sri Lanka).

A responsável pelo projecto premiado, Eva Oliveira, 34 anos, investigadora de Estudos Palestinianos na Universidade de Birzeit, comentou o feito nos seguintes termos: “o prémio é importante, desde logo, pelo reconhecimento internacional da qualidade do trabalho arquitectónico executado na Palestina. Este projecto é representativo de vários outros que estão em desenvolvimento nos centros históricos de Jenin e Hebron, por exemplo”.

Outra razão realçada pela investigadora portuguesa prende-se com o aspecto financeiro, “dada a situação económica precária do Estado palestiniano e a dependência de financiamento externo. Com certeza que o dinheiro será usado na restauração de algumas aldeias que estão em ruínas. Os custos da restauração dos edifícios são altos e várias famílias estão a vender as pedras dos edifícios antigos para construírem novas casas a preços mais baixos”.

Há ainda a questão da conservação do património cultural que “sofre ameaças diárias, sobretudo desde a construção do muro de separação (entre Israel e a Cisjordânia) …”.

Por último, Eva Oliveira refere que o prémio “dá uma imagem diferente da Palestina, normalmente associada a caos, conflitos, pessoas mumificadas com pedras e fisgas nas mãos. Este prémio realça os aspectos positivos do povo palestiniano: a humanidade, a cultura, o conhecimento, o profissionalismo. Há um grande potencial na Palestina à espera de ser explorado”.

Lembre-se que a UniLúrio, preocupada com a questão da preservação do património cultural criou o Centro de Estudos e Documentação para a Ilha de Moçambique (CEDIM), unidade orgânica que funciona junto da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF), e que persegue objectivos de estudo do património cultural (tangível e intangível) da Ilha de Moçambique e da sua influência, através a recolha, catalogação, conservação e divulgação de documentos, estudos e projectos no âmbito da urbanização, habitação, arquitectura, prestação de serviços sociais básicos, planeamento físico e administração local. Jornal Expresso: http://expresso.sapo.pt/projeto-palestiniano-vence-premio-aga-khan-para-a-arquitetura=f829130; Acesso: 09 de Set. 2013